Em um discurso carregado de emoção e denúncias graves, o deputado estadual Pedro Lobo, que também é candidato à presidência do diretório municipal do PT no Crato, falou abertamente sobre o cenário turbulento dentro do partido. Durante entrevista à imprensa, ele denunciou o que classificou como “traição”, “ingratidão” e “uso indevido da máquina pública” para minar sua candidatura e sua atuação política.
"EU FUI TRAÍDO POR AQUELES QUE MAIS AJUDEI"
Pedro Lobo iniciou sua fala destacando o sentimento de frustração e decepção com aliados históricos. "É o sentimento, por tudo que eu fiz, de uma vida dedicada ao meu partido e a esse grupo político que hoje está no governo... Vejo esse sentimento de ingratidão das pessoas que eu mais ajudei, que eu mais apoiei", lamentou. O parlamentar relembrou sua trajetória de militante histórico, afirmando que ajudou a construir o PT no Crato e no Cariri.
“Filho de agricultor, pai alcoólico, mãe merendeira… isso é café pequeno pra quem tem as mãos calejadas de tanto trabalho e sofrimento”, declarou, em tom emocionado.
"ESTÃO TENTANDO ME DERROTAR NO TAPETÃO"
Pedro afirmou que o momento atual é marcado por uma tentativa clara de sua exclusão da vida política dentro do PT. “Eles não querem deixar eu ser candidato a nada pelo PT. Já se viu isso? Nem a presidente do PT eu posso mais ser candidato. Só falta agora me expulsarem”, desabafou. “Se me expulsarem, aí sim, eu terei que procurar outro modo de fazer política.”
Apesar das críticas, Pedro reafirma sua lealdade ao partido: “Só saio do PT se me expulsarem. O PT é meu partido, o partido do Lula, do Elmano, do Camilo, do Guimarães. O partido da maioria do povo do Crato.”
DENÚNCIA GRAVE: USO DA PREFEITURA PARA INTERFERIR NA ELEIÇÃO PARTIDÁRIA
Um dos pontos mais graves de sua fala foi a denúncia de uso institucional da máquina pública municipal para interferir na disputa interna do partido. “A prefeitura está usando a máquina administrativa para desequilibrar a eleição interna do PT”, afirmou. Pedro disse ter recebido relatos de servidores assediados e ameaçados. “Se votar no Pedro Lobo, tá demitido”, denunciou.
Ele foi além e acusou a gestão municipal de montar um “gabinete do ódio” para monitorar redes sociais e atacar sua imagem publicamente. “Tem um chefe do gabinete do ódio, bolsonarista de raiz, agora querendo mandar no PT. Eu não posso aceitar isso calado.”
"O GOVERNO NÃO PODE SER MAIOR DO QUE O PARTIDO"
Pedro também criticou a submissão do partido à administração municipal. “Eu quero um PT forte, autônomo. Governo é governo, partido é partido. Não pode transformar o PT num puxadinho da prefeitura.”
Segundo o parlamentar, a chapa adversária estaria sendo composta majoritariamente por ocupantes de cargos comissionados e terceirizados da prefeitura. “Filiaram muita gente agora, às pressas, para tomar o PT do Pedro Lobo. É o uso descarado do poder público.”
"ME DERROTAR NO VOTO ELES NÃO CONSEGUEM"
Finalizando sua fala, Pedro Lobo lançou um desafio direto aos seus adversários internos. “Eles sabem que não conseguem me derrotar no voto. Mesmo usando tudo, não conseguem ganhar no voto. Querem me derrotar no tapetão. Mas eu desafio: tragam a lista de quem é comissionado e quem vai votar. Eu trago a minha também.”
UM APELO À MILITÂNCIA
Em tom firme, mas esperançoso, o deputado reafirmou seu compromisso com o povo e com o partido: “Continuarei resistente e resiliente na luta pela democracia, pela base do partido e pelo povo que mais precisa.”
A fala de Pedro Lobo escancara as divisões internas do PT do Crato e antecipa uma disputa intensa, que ultrapassa as barreiras partidárias e se estende ao campo institucional. A denúncia de uso da máquina pública poderá repercutir não apenas no âmbito político, mas também jurídico. A eleição promete ser um teste de força, fidelidade e coerência para a militância petista do município.
Por: Paulo Dimas
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