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domingo, 21 de dezembro de 2025

Opinião | Um encontro que levanta suspeitas e embaralha o jogo da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Caririaçu


A política, especialmente nos bastidores, costuma falar mais pelos gestos do que pelos discursos públicos. E foi justamente um gesto — ou melhor, um encontro — que passou a chamar atenção e provocar questionamentos em Caririaçu nos últimos dias.

Fernando Soares, apontado como candidato da base do prefeito Acácio Leite à presidência da Mesa Diretora da Câmara, foi visto em uma conversa reservada com lideranças da oposição durante a madrugada da sexta-feira (19) para o sábado, em meio às comemorações do aniversário do ex-prefeito João Marcos, uma das principais referências do grupo oposicionista no município. O detalhe que não pode ser ignorado: o evento contou com a presença dos três vereadores que fazem oposição direta ao Prefeito Acácio Leite.

O episódio, por si só, já seria suficiente para despertar curiosidade. Mas o contexto político torna a situação ainda mais intrigante. Segundo a própria contagem divulgada pelo prefeito, Fernando teria oito votos garantidos dentro da base governista — dois a mais do que o mínimo necessário para vencer a eleição da Mesa. Com essa suposta maioria confortável, a orientação do Executivo teria sido clara: isolar a oposição e deixá-la fora da composição da Mesa Diretora.

Diante disso, uma pergunta se impõe: se os números estavam tão bem amarrados, por que a necessidade de dialogar — em horário avançado da madrugada — justamente com aqueles que deveriam ser descartados do jogo?

A reunião abre espaço para diversas interpretações. Fernando estaria inseguro quanto à fidelidade dos votos de seus próprios colegas de bancada? Teria percebido fissuras internas, desconfianças ou sinais de traição iminente? Ou, indo além, teria contrariado a orientação direta do prefeito ao buscar João Marcos e a bancada de oposição como uma espécie de “plano B” para garantir sua eleição?

Na política, alianças improváveis raramente acontecem por acaso. Quando um candidato que se diz confortável numericamente procura o adversário histórico, o movimento soa menos como cortesia e mais como precaução. Afinal, quem tem certeza absoluta da vitória não costuma negociar na calada da noite.

O fato é que o episódio lança uma sombra sobre a solidez da candidatura de Fernando Soares. A presidência da Câmara exige mais do que votos contados no papel; exige confiança, coesão e transparência. Se antes o cenário parecia definido, agora o tabuleiro está longe de ser previsível.

Resta saber se esse encontro foi apenas um gesto de articulação política comum — ou o sinal claro de que a eleição da Mesa Diretora está mais fragilizada e disputada do que o discurso oficial tenta fazer crer.

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